Thursday, November 30, 2006

i think more than i want to think

I drink much more than I ought to drink
Because it brings me back you...

Lilac wine is sweet and heady, like my love
Lilac wine, I feel unsteady, like my love
Listen to me... I cannot see clearly
Isn't that she coming to me nearly here?
Lilac wine is sweet and heady where's my love?
Lilac wine, I feel unsteady, where's my love?
Listen to me, why is everything so hazy?
Isn't that she, or am I just going crazy, dear?
Lilac Wine, I feel unready for my love,
feel unready for my love.



degas+"lilac wine"

Wednesday, November 29, 2006

meu coração não sei porque bate feliz quando te vê


bartolini+pixinguinha

Tuesday, November 28, 2006

Friday, November 24, 2006

Não digas que eu não estava à janela,
que não foi para ti o que não viste.
Há tanta coisa que não sabes, não digas.
Um dia ver-me-ás à janela de ontem
com a roupa que hei-de vestir amanhã.
Até lá pensa que me sonhaste.
Nem eu mesma sei o que fiz nesse dia.
Mas a janela guarda os meus dedos
como tu me guardas.
O tempo é uma invenção recente.
Era uma vez essa mulher que viste.
Retira o vidro,
a moldura, e não te esqueças de abrir o horizonte.

Rosa Alice Branco


uma espécie de perda

Usámos a dois: estações do ano, livros e uma música.
As chaves, as taças de chá, o cesto do pão, lençóis de linho e uma cama.
Um enxoval de palavras, de gestos, trazidos, utilizados, gastos.
Cumprimos o regulamento de um prédio. Dissémos. Fizémos. E estendemos sempre a mão.

Apaixonei-me por Invernos, por um septeto vienense e por Verões.
Por mapas, por um ninho de montanha, uma praia e uma cama.
Ritualizei datas, declarei promessas irrevogáveis,
idolatrei o indefinido e senti devoção perante um nada,

(— o jornal dobrado, a cinza fria, o papel com um apontamento)
sem temores religiosos, pois a igreja era esta cama.

De olhar o mar nasceu a minha pintura inesgotável.
Da varanda podia saudar os povos, meus vizinhos.
Ao fogo da lareira, em segurança, o meu cabelo tinha a sua cor mais intensa.
A campainha da porta era o alarme da minha alegria.

Não te perdi a ti,
perdi o mundo
.

ingeborg bachmann+tim burton

Monday, November 20, 2006

fragile journey

Annemarie Schwarzenbach and Ella Maillart


1939

nunca mais me desprender de ti

Friday, November 17, 2006

cheia de promessas está a sexta feira cheia

o papel de parede,
a luz quente e os meiotes,
o sofá e o moscatel
a manta, o queijo, a cidade escura e um filme na tv?

Wednesday, November 01, 2006

que é a nossa insónia senão a obstinação maníaca da nossa inteligência em manufacturar pensamentos, séries de racíocinios, de silogismos e definições bem suas, a sua recusa em abdicar a favor da divina estupidez dos olhos fechados ou da sábia loucura dos sonhos? *

*marguerite yourcenar